A escuta privilegiada: lições de Marie France Hyrigoen

quinta-feira, 07/02/13 14:00
 
Como receber ou atender uma vitima de assédio moral?
 
Marie France Hyrigoen reforça, em sua palestra, o trabalho já desenvolvido no Brasil por Margarida Barreto e pela equipe de combate ao assédio moral do SINJUS, orientando os profissionais de saúde a ter muita solidariedade e empatia com a vítima de assédio moral que os procura, criando assim, um vínculo de confiança que possibilite ao profissional, escutar, pontuar a narrativa, retomar o fio da meada de um discurso, muitas vezes narrado numa velocidade verbal acelerada, característica das pessoas em estado ansioso. Outras vezes, o paciente pode estar em um estado depressivo e cabe a nós psicólogos, criar um clima favorável, não ser invasivo, saber esperar em silêncio, respeitando os sentimentos e conflitos interiores, para que a vítima possa narrar o que esta acontecendo em sua vida.
 
É importante que quando as lembranças do mal causado pelo assédio moral trouxerem de volta o afeto reprimido – sentimento de re-vivência dos fatos via palavra/emoção -, a relação entre o psicólogo e a vítima seja de solidariedade e através da empatia, deixar o paciente à vontade, para que as lágrimas sejam uma forma de alívio e não um momento de vergonha por chorar na frente de estranhos, pois, para muitos homens chorar é expressão de fraqueza, mas pode ser benéfico, pois é a emoção em seu estado puro.
 
No momento que as lembranças trouxerem sentimentos de ódio, temos que fazer o manejo da emoção, já dizia Freud, toda pulsão consiste de afetos ligados a uma ideia. Assim, o encontro com a vitima de assedio moral deve ter uma escuta diferenciada, ser um momento de solidariedade, de apoio emocional, que a vitima de assedio tanto precisa.
 
 Muito importante é uma anamnese do trabalho, ou seja, obter o máximo de informações da historia de vida da vitima de assédio, seu trabalho e os efeitos do assedio sobre sua saúde. No término da sessão, é importante que a vitima esteja mais tranquila, depois de ter desabafado e se emocionado, por isso o tempo deste encontro deve ser maleável sem ser interminável, daí a importância do manejo, da experiência e da técnica do psicólogo na sessão, para que se possa trabalhar a emoção e o descarrego do afeto, via palavras e atos, proporcionando assim um pequeno alívio pulsional às vitimas de assedio moral.
 
Portanto, voltamos ao inicio do texto: somente com empatia criamos o vinculo de confiança que proporciona o encontro que viabiliza ou não o sucesso do atendimento psicológico às vitimas de assédio moral. 

Arthur Lobato

É psicólogo da área de saúde do trabalhador. Integra a equipe da Comissão de Assédio Moral do SINJUS-MG. Participou de Congressos Internacionais sobre o tema no Brasil, Argentina e México. Sócio colaborador da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT).

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