CONJUNTURA

ANÁLISE SOBRE ELEIÇÕES NA CÂMARA E NO SENADO

terça-feira, 02/02/21 17:05

O senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) foi eleito presidente do Senado e do Congresso Nacional nesta segunda-feira, 1º de fevereiro, pelos próximos dois anos. Já o deputado Arthur Lira (PP-AL) foi eleito, também nesta segunda, como presidente da Câmara dos Deputados e permanece no cargo até 2023.

Senado

Natural de Porto Velho, Rondônia, Pacheco mudou-se para Minas Gerais ainda na infância. Ex-deputado federal por Minas, é presidente do DEM no estado e líder da sigla no Senado e está em seu primeiro mandato na Casa, tendo sido eleito em 2018 com pouco mais de 3,6 milhões de votos. Como deputado federal, presidiu a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Em 2016, disputou a Prefeitura de Belo Horizonte e por pouco não foi para o segundo turno para enfrentar Kalil. De perfil liberal, votou alinhado com o governo nas matérias econômicas, mas contrariou nas pautas de costumes, tendo sido a favor, por exemplo, do decreto legislativo que derrubou os efeitos de uma norma que flexibilizou o porte de armas. Durante a campanha, defendeu a prorrogação do auxílio emergencial, mesmo que significasse furar o teto de gastos. Por outro lado, evitou fazer críticas à condução do governo no enfrentamento da pandemia.

A eleição de Pacheco recoloca Minas Gerais no protagonismo da política nacional. A última vez que um senador eleito pelo estado presidiu a Casa foi com o ex-governador Magalhães Pinto, no biênio 1975-1977. Já a última vez que um mineiro presidiu uma das Casas Legislativas foi com o então deputado federal Aécio Neves (PSDB), que comandou a Câmara entre 2001 e 2002, quando Fernando Henrique Cardoso (PSDB) ocupava o Palácio do Planalto.

O comando do Senado pode ajudar significativamente a bancada mineira a aumentar seu peso nas negociações por verbas para Minas Gerais junto ao Poder Executivo. Cabe ao Congresso a definição dos recursos distribuídos no Orçamento de cada ano e, nas duas últimas décadas, o estado foi pouco contemplado em termos de obras.

Com a segunda maior bancada na Câmara e a presidência do Senado, a expectativa das lideranças mineiras é que o estado tenha um peso maior nas decisões orçamentárias e de investimentos, com a liberação de verbas para obras como a conclusão da duplicação da BR-381, a ampliação do metrô de Belo Horizonte e a pavimentação de BRs que passam pelo estado e que estão em más condições.

Câmara

Natural de Maceió, Lira é empresário, advogado e agropecuarista. Atualmente no PP, já foi filiado ao PFL (atual DEM), PSDB, PTB e PMN. Filho do ex-senador Benedito de Lira (PP), iniciou a carreira política como vereador em Maceió, foi deputado estadual em Alagoas e é deputado federal pelo estado desde 2011. Em 2018, foi o segundo mais votado de Alagoas, com 143.858 votos.

Na Câmara, foi seis vezes líder do PP e comandou um bloco que, no ano passado, contava com mais de 200 parlamentares de partidos do “Centrão”, além do MDB e do DEM. Em 2015, foi presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e, em 2016, comandou a Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional. Os dois colegiados são espaços de prestígio no Parlamento: pela CCJ, passam todas as propostas em tramitação na Câmara, já a CMO é responsável por definir as despesas prioritárias do governo federal.

No ano passado, foi um dos articuladores da aproximação do Planalto com o Centrão, que virou base aliada do Executivo na Câmara. Apesar de atualmente Lira estar alinhado a Bolsonaro, nem sempre foi assim. Em 2019, chegou a publicar em uma rede social que o governo precisava “entrar em sintonia com a real necessidade da população e deixar de lado as pautas de costumes e polêmicas”.

Lira foi eleito com o apoio de 11 partidos: PP, PL, PSD, Republicanos, Avante, PROS, Patriota, PSC, PTB, PSL e Podemos.

Reformas à vista

À imprensa, Pacheco anunciou que dará prioridade à votação de “matérias importantes para a recuperação econômica do País”, citando as reformas tributária e administrativa e três propostas de emenda à Constituição (PECs) — a emergencial, a da revisão dos fundos públicos e a do pacto federativo. “Esse crescimento (econômico) virá com a pauta das reformas necessárias para o Brasil. A tributária, que já tem ambiente de discussão na Câmara e no Senado, e que discute uma nova forma de arrecadação tributária no Brasil. A reforma administrativa, do mesmo modo corrigindo distensões, mas, jamais, demonizando o serviço público brasileiro, os servidores públicos, que não são problema, mas, na verdade, a solução do Brasil”, afirmou.

Em entrevista após ser eleito, Lira elencou, entre as prioridades para serem alinhadas entre ele e o novo presidente do Senado para votação nos próximos meses, a chamada “PEC Emergencial”, que prevê medidas para redução emergencial de gastos, a reforma administrativa e a reforma tributária. “Qual reforma fazer, em que profundidade, com que prioridade, esta não é uma resposta que cabe ao presidente da Câmara, esta é uma pergunta que o presidente da Câmara deve fazer a todos os senhores e senhoras parlamentares”, disse. Em outras oportunidades, o parlamentar já havia dito que considera a reforma administrativa da Câmara mais urgente do que a reforma tributária neste momento. No entanto, segundo ele, para ter aval dos deputados, o texto deve ser modificado.

Análise

Confira trechos da análise e da prospecção do que pode ocorrer no Legislativo, a partir de entrevista concedida pelo diretor de Documentação licenciado do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP) Antônio Augusto de Queiroz ao canal no YouTube “Sua Excelência O Fato #46”, às vésperas das eleições da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

— Temos um ambiente muito conturbado no País e os desafios do Congresso Nacional nos próximos dois anos serão muito significativos. Acho que a prioridade deveria ser a de ajudar o Estado brasileiro a sair da crise fiscal, contribuir para o retorno do crescimento econômico e propor soluções para os problemas sociais do pós-pandemia, que serão muito graves. Infelizmente, não será isso que tende a acontecer. Bolsonaro, presidente da República, contará com apoio dos dois candidatos à presidência das Casas, tem uma pauta que é manter o país desmobilizado, quer manter o país em tensão permanente, quer manter a base fidelizada e não tem compromisso com pautas objetivas.

— Na área econômica, deve passar alguma coisa do ponto de vista do ajuste fiscal, porque a dívida pública já ultrapassa 100% do PIB [Produto Interno Bruto] brasileiro. Deve passar alguma coisa na área tributária e alguma coisa na área de costumes, mas muito aquém das expectativas tanto de Bolsonaro em relação à sua pauta quanto do mercado. Quem vai ficar pior nesse cenário serão as esquerdas e os movimentos sociais, porque a crise fiscal e a escassez orçamentária vão dificultar enormemente a possibilidade de adotar medidas nesse caminho.

— A equipe econômica quer enxugar encargos, reduzir despesa, e o “Centrão” que aumentar e distribuir com sua base. Vai ser um ambiente de muito conflito nesse período e de muita incompatibilidade com várias forças que estão hoje no mercado apoiando essa candidatura [de Arthur Lira].

— O Senado vai ganhar visibilidade não pelo protagonismo do seu presidente ou iniciativas dele, mas pelos conflitos que a Câmara vai provocar a partir da gestão de Lira; e Rodrigo Pacheco vai aparecer perante a opinião pública como sujeito equilibrado.

Fonte: SINJUS-MG com informações do Jornal O Tempo e do Portal Diap.

Últimas notícias

ver mais
Sessão do Órgão Especial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) em auditório. Público visto de costas e membros do Tribunal na frente, com tela de projeção de pautas Recomposição salarial Minuta do PL da Data-Base 2025 é aprovada no Órgão Especial do TJMG quarta-feira, 10/12/25 16:47 Na sessão desta quarta-feira, dia 10 de dezembro, o Órgão Especial do Tribunal de ...
A imagem mostra uma sala de reuniões simples, onde cinco pessoas estão sentadas ao redor de uma mesa de madeira, conversando durante uma visita técnica ao Centro Odontológico do Ipsemg, em Belo Horizonte. À direita, duas gestoras da unidade ouvem representantes do Conselho de Beneficiários do Ipsemg (CBI), entre eles o coordenador-geral do SINJUS-MG, Alexandre Pires. SAÚDE CBI faz visita técnica no Centro Odontológico do Ipsemg e vai cobrar melhorias no atendimento terça-feira, 09/12/25 18:28 Na última quinta-feira, dia 4 de dezembro, membros do Conselho de Beneficiários do Ipsemg ...
Imagem Acessível: Fotografia aérea de uma mesa de reunião, com duas pessoas sentadas frente a frente — uma com terno escuro e outra com camisa xadrez azul — apoiando as mãos sobre a mesa em posição de diálogo. Conteúdo textual: Grupo de Trabalho - TJMG volta atrás e desmonta avanços na regulamentação da jornada de 8 horas. Grupo de Trabalho TJMG VOLTA ATRÁS E DESMONTA AVANÇOS NA REGULAMENTAÇÃO DA JORNADA DE 8 HORAS sexta-feira, 05/12/25 16:30 As tratativas no Grupo de Trabalho (GT) criado para construir a proposta de regulamentação ...

Convênios

ver mais
Évora Home Care Clínicas - Especialidades Médicas Santa Tereza . Belo Horizonte (31) 3656-2296 (31) 97542-9919 http://www.evorahomecare.com.br/ 30% ver mais
Seu Rico Dinheiro Consultoria financeira Santa Lúcia . Belo Horizonte (31) 99776-6144 instagram.com/seuricodinheiro Até 100% ver mais
Dentista Ana Carolina Carvalho Odontologia Castelo . Belo Horizonte (31) 993885266 Até 15% ver mais
ZOE Cuidados Especializados Clínicas - Especialidades Médicas Centro . Belo Horizonte (31) 98838-0125 (21) 99979-7077 (12) 98102-9782 Até 10% ver mais
Top Fale conosco