Enfim, A Nossa Primavera?

segunda-feira, 24/06/13 17:00
 
 
Assim se chamou a onda revolucionária de manifestações e protestos que invadiu o Oriente Médio e o Norte da África, a partir de dezembro de 2010.
Os povos dos países, todos eles dominados por ditadores perpétuos, sanguinários e corruptos, inflamaram-se com o gesto do jovem tunisiano, Mohamed Bouazizi, que, em ato desesperado contra as condições de vida em seu país, ateou fogo às roupas.
Os regimes depostos haviam surgido dos nacionalismos árabes das décadas de 50 e 70, que, aos poucos, foram se convertendo em ditaduras cruéis, corruptas, repressoras das vozes do povo, sobretudo dos jovens, a maioria imersa em miseráveis condições de vida.
Do movimento, queda, fuga, morte, deposição, renúncia de chefes de Estado no Egito, na Líbia, no Iêmen, na Jordânia, expandidos agora para a Síria e a Turquia.
"Primavera Árabe"
Uma alusão clara à "Primavera de Praga", de 1968. A então Tchecoslováquia, governada por Alexander Dubcek, iniciara um plano de reformas no sentido da implantação de um "socialismo com face humana", que removesse os vestígios do despotismo e do autoritarismo.
Imediatamente o país foi ocupado pelas tropas do Pacto de Varsóvia. Dubcek foi detido e levado preso a Moscou. A sociedade continuou seu grito de resistência, guiada pelo que se chamou "decálogo da não cooperação: não sei, não vi, não conheço, não direi, não tenho, não sei fazer, não darei, não irei, não ensinarei e não farei".
O povo foi massacrado e as notícias do massacre foram levadas a Dubcek, o que o levou a assinar com Moscou o "acordo de renúncia", que cancelava suas reformas levadas a cabo no país.
Essas duas "Primaveras" perpassam a história do século XX, como marcos da voz dos povos, que emergem na defesa da dignidade. Somam-se ao levante dos estudantes, em maio/68, no Quartier Latin, em Paris, que mudou o mundo.
E quanto a nós, prenuncia-se "a nossa primavera?"
Nos dez anos de lulopetismo, o que houve de grandioso para o país, a não ser as migalhas do bolsa-família e a desqualificação terceiromundista das cafuas do "Minha Casa, Minha Vida"?
No mais, a ditadura de um partido único que, ao lado do PMDB e de outras barrigas de aluguel, assaltaram o país, em todos os níveis e esferas de Poder.
Partidos informes, alianças fisiológicas, corrupção generalizada na União, Estados e Municípios; no Executivo, Legislativo e Judiciário.
Além de, às escondidas do povo, um pacto malcheiroso entre governos, políticos graúdos, conglomerados empresariais e o BNDES, despejando dinheiro público em projetos e obras desconectados das prioridades sociais e de nossas carências reais.
A cada dois anos, a política se afoga na mesma repetição de promessas, enquanto campeiam os desmandos e a falta de um projeto minimamente decente de resgate da saúde sucateada, da educação desqualificada, da infraestrutura relegada, todos impeditivos de um crescimento justo de uma nação que quer abrigar seus jovens profissionais em oportunidades dignas de trabalho.
Enfim, uma gestão pública descompromissada e ineficiente, movida à base do "troca-troca", sem projeto e sem canal de comunicação com seu povo e sua juventude sonhadora.
Tomara que essa seja "a nossa primavera".
Que, a partir dela, se refunde um país sério, que reencontre as vias da dignidade, substrato imprescindível da renovação progressista.
 
*Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião do SINJUS-MG
 

José Moreira Magalhães

É economista, com especialização em Planejamento Governamental; consultor em orçamento e finanças; e fiscal de tributos estaduais. Foi diretor de arrecadação, diretor do Tesouro Estadual e Diretor Financeiro do TJMG. Autor do livro "Desvendando as Finanças Públicas".

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