O Sofrimento Psíquico da Vítima

terça-feira, 09/10/12 15:00

* Arthur Lobato

O sintoma é aquilo que emerge, que aparece, que denuncia o mal estar. As vítimas de assédio moral mantêm um sentimento de terem sido rejeitadas, maltratadas, desprezadas, humilhadas. Estudos demonstram que trabalhadores vítimas de assédio moral no trabalho, vivenciaram “uma jornada de humilhações”, conforme atesta Margarida Barreto em seu livro “Violência, Saúde e Trabalho (uma jornada de humilhações)”, versão original de sua dissertação de mestrado.

O assédio fragiliza emocionalmente e psiquicamente a vítima. Ser humilhado diariamente abala. Surgem sentimentos de culpa, baixa-estima, pensamentos obsessivos -“sou incompetente”-, dúvidas sobre a própria capacidade laboral. O trabalhador, sob forte estresse, causado pelo doloroso processo de assédio moral, apresenta vários sintomas como: crises de angústia, choro, desânimo, cansaço, nervosismo, insônia, taquicardia, perturbações gastrointestinais, perda de libido. Aparentemente, esses sintomas não possuem relação com o assédio, mas eles podem ser efeitos das humilhações vividas no trabalho. Daí, a necessidade de se guardar os atestados médicos, exames clínicos, consultas a médicos, psicólogos e psiquiatras.

Muitas vezes, sem perceber, a vítima de assédio moral faz uso de medicamentos em excesso, bebe diariamente (alcoolismo), falta ao serviço sem justificativa (absenteísmo). O consumo indiscriminado de drogas lícitas e ilícitas vai aumentando, causando esgotamento físico e psíquico. No trabalho, apresenta queda de produtividade e qualidade do serviço. E o pior, não há respostas para as perguntas/esclarecimento de dúvidas – ambivalência do discurso do assediador. A falta de motivação e a inibição conduzem ao isolamento e a quadros depressivos.“Só de lembrar choro”. “Me revolto até hoje”. “Não posso nem passar perto da repartição”. “Na casa da justiça prevalece a injustiça”. “Não me conformo”.“Quero justiça, quero o resgate de minha dignidade”…

O impacto traumático do assédio é tão grande que o assediado não gosta de lembrar do acontecido, tem vergonha do que passou, e continua a se sentir culpado, (sem saber de quê), por muito tempo. Por isso, é importante que os servidores estejam unidos na defesa de seu bem maior, que é a saúde. Adoecer no ambiente do trabalho ocorre, muitas vezes, porque as pessoas não são solidárias, não querem se envolver “em problemas dos outros”, não querem participar de um processo de luta, de transformação, de não aceitação da prática do assédio moral no trabalho.

É necessário que os sindicatos sejam representativos na luta por melhores condições de trabalho, e, isso só acontece com o envolvimento dos servidores nesse projeto político, que é a preservação da saúde e o combate ao assédio moral no ambiente de trabalho.

*Arthur Lobato é psicólogo e atua na comissão de combate ao assédio moral nos sindicatos SINJUS-MG, SERJUSMIG-MG E SITRAEMG.

Artigo publicado no jornal Expressão SINJUS nº 163 de 28 de maio de 2008

Arthur Lobato

É psicólogo da área de saúde do trabalhador. Integra a equipe da Comissão de Assédio Moral do SINJUS-MG. Participou de Congressos Internacionais sobre o tema no Brasil, Argentina e México. Sócio colaborador da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT).

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