ARTIGO

A INFLAÇÃO DOS ALIMENTOS DURANTE A PANDEMIA

sexta-feira, 23/04/21 18:35

O termo “inflação” pode ser definido, de modo sintético, como o processo de alta generalizada e contínua dos preços. Medir a inflação em uma economia moderna, na qual há a produção de milhares de bens e serviços, é algo grande complexidade. Por isso, para se chegar aos índices de inflação divulgados mensalmente um longo caminho é percorrido.

No Brasil, há vários índices que medem a variação dos preços: IPCA, INPC, IGPM, entre outros. Se considerarmos o IPCA no período entre 01/04/2020 e 31/03/2021, a variação dos preços foi de 6,1%, índice superior ao teto da meta de inflação do Comitê de Política Monetária do Banco Central, que é de 5,25% para o ano de 2021. Quando tomamos os doze meses entre 01/04/2019 e 31/03/2020, a inflação acumulada foi de 3,3%, o que mostra como o IPCA teve uma forte alta no período mais recente.

Esses dados mostram a variação dos preços como um todo, ou seja, a média de um grande número de produtos e serviços ofertados na economia, o que, muitas vezes, leva as pessoas a considerarem que os índices divulgados não refletem a perda do seu poder de compra. Isso acontece pelo fato de que, para aquelas pessoas, o peso de alguns dos itens da cesta de produtos que compõe o índice de inflação é maior.

Para lidar com essa situação, é preciso um olhar mais detalhado para o índice de inflação. Se considerarmos os 377 subitens que compõem o IPCA, notamos que alguns deles tiveram variação muito maior do que os 6,1% verificados no período de 01/04/2020 a 31/03/2021. Nesse mesmo período, no topo dos aumentos está o óleo de soja com variação de 81,74%; logo depois aparece o arroz com alta de 63,55%; a seguir o limão com elevação de 62,28%; em quarto lugar o feijão com 56,97% de aumento; e em quinto o mamão com 52,2% de variação. Como se vê, todos os subitens citados são itens da alimentação das famílias e, para aquelas de menor renda, seu aumento causa um forte impacto no poder de compra, ou seja, as famílias perdem a capacidade de consumir esses itens na medida em que seus preços aumentam muito.

As explicações para a alta dos preços dos alimentos estão, em grande medida, relacionadas à alta da taxa de câmbio. Se pegarmos o caso do óleo de soja, isso fica muito claro. A soja é um produto que tem grande demanda externa e, em um cenário de alta da procura do mercado internacional e consequente alta do preço, os produtores preferem comercializar no exterior, o que torna o produto relativamente escasso no mercado interno, fazendo com que seu preço aumente. Outro mecanismo de transmissão do aumento da taxa de câmbio para os preços dos alimentos é o fato de que boa parte dos insumos utilizados na produção agrícola são importados e a alta do dólar implica em aumento dos custos dos produtores que, por sua vez, repassam essa alta para os preços dos produtos.

Essa é uma situação complexa, mas os próprios problemas que a geram apontam os caminhos para as soluções. Uma dessas soluções seria o país diminuir, gradativamente, sua dependência de insumos importados. Isso só se faz com planejamento de longo prazo, baseado em uma política de desenvolvimento nacional bem desenhada, algo que já há muitos anos não temos em nosso país.

Thiago Rodarte

É economista com graduação e mestrado pela UFMG, onde foi professor substituto. Ex-diretor da Secretaria de Desenvolvimento de Minas Gerais. Atua no DIEESE, assessorando, atualmente, os sindicatos dos servidores da Justiça Estadual de Minas Gerais.

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